quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Brasil deve gerar 1,5 milhão de empregos formais em 2007

Déficit entre vagas e procura de trabalhadores chega a 7,5 milhões de empregos, diz pesquisa do Ipea

Fabio Graner e Fernando Nakagawa, da Agência Estado


BRASÍLIA - O Brasil vai gerar neste ano cerca de 7,5 milhões de empregos formais a menos do que o número de trabalhadores que estão procurando emprego em 2007. Os dados constam da pesquisa "Demanda e perfil dos trabalhadores formais no Brasil em 2007", realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). De acordo com o estudo, as empresas devem neste ano gerar 1,592 milhão de novos empregos com carteira assinada, enquanto 9,134 milhões de trabalhadores procuram emprego em 2007.
Mesmo ao se considerar apenas as pessoas com maior "qualificação" e experiência profissional, há um déficit de vagas no País, embora seja bem menos expressivo: 84 mil. "A quantidade de trabalhadores qualificados e com experiência profissional disponíveis deve-se situar em 1,676 milhão em todo o País. O saldo que resulta da demanda de emprego formal em relação à oferta de mão-de-obra qualificada atinge o montante de 84 mil indivíduos que excedem às necessidades dos postos de trabalho regulamentados", diz o documento. Trabalhador qualificado é quem tem no mínimo 8,2 anos de educação. Portanto, pessoas que ingressaram no ensino médio.
De acordo com a pesquisa, a região Nordeste é a que mais sofre com o desemprego de trabalhadores qualificados. Enquanto a oferta de trabalhadores nordestinos qualificados é de 380,9 mil, a demanda é por 245,9 mil, levando a uma sobra da ordem de 135 mil trabalhadores. No Sudeste, esse excedente de mão-de-obra qualificada é calculado em 17,9 mil, praticamente um equilíbrio entre oferta e procura.
Nas regiões Norte, Sul e Centro-Oeste, o IPEA estima que há falta de trabalhadores qualificados. No Norte, esse déficit foi calculado em 29,1 mil pessoas; no Sul, em 26,3 mil e no Nordeste em 13,4 mil trabalhadores.
Segundo o IPEA, o perfil de trabalhador mais procurado pelas empresas é: homem, não negro, na faixa de 31 a 37 anos, com pelo menos o ensino médio, qualificado para a área industrial e de atendimento público e com remuneração entre R$ 640 e R$ 1.916.
Áreas
Três segmentos da indústria de transformação têm, juntos, mais de 70 mil vagas à espera de profissionais. Conforme o estudo, empresas do ramo de química e petroquímica, produtos de transporte e mecânicos são os que mais sofrem com a falta de candidatos qualificados e com experiência profissional.
A indústria química é a que mais tem problemas. O estudo revela que sobram 25,3 mil vagas nesse segmento. Na média, cada um desses empregos tem salário de R$ 1.574,84. Outros segmentos que enfrentam falta de trabalhadores qualificados são a indústria de produtos de transporte (25,9 mil) e produtos mecânicos (21,4 mil). Nesses ramos, a remuneração média é de R$ 1.473,35 e R$ 1.225,51, respectivamente.
Ao todo, segundo a pesquisa, a indústria de transformação tem 116.594 postos à espera de trabalhadores qualificados.
Por outro lado, a construção civil e a agropecuária são os ramos que mais têm sobra de mão-de-obra qualificada. Isso quer dizer que os trabalhadores qualificados e com experiência desses setores são os que mais sofrem com o desemprego. Juntos, os ramos têm mais de 152 mil desempregados com qualificação.
Na construção, que tem registrado forte recuperação nos últimos meses, existem 76,1 mil pessoas qualificadas que provavelmente ficarão sem emprego. Na agropecuária e no extrativismo vegetal e animal, são outros 75,8 mil trabalhadores sem ocupação. Entre os demais segmentos, o de serviços tem 55,3 mil vagas sem candidatos qualificados para ocupá-las e no comércio, há sobra de 6.750 postos.

Fernando - 07/11/2007

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