quinta-feira, 17 de julho de 2008

Imagine Cup 2008: equipe brasileira é campeã de desenvolvimento de jogos


Mother Gaia Studio conquistou o título hoje na Copa do Mundo da computação promovida pela Microsoft; Écologix levou o prêmio de projeto de Interoperabilidade

Paris, 8 de Julho de 2008

A Microsoft anunciou hoje, no museu do Louvre, em Paris, os vencedores da Imagine Cup 2008, principal competição da tecnologia mundial. A equipe brasileira Mother Gaia Studio, formada pelos estudantes Guilherme Oliveira Campos, Túlio Marques Soria, Helena van Kampen e Rafael Fantini da Costa, todos da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp/Bauru), e Écologix, formada pelos estudantes Carlos Eduardo Rodrigues (UFPE), Renato Viana (UFPE), Roberto Sonnino (USP) e Eduardo Sonnino (Unicamp) foram agraciadas na categoria Desenvolvimento de Jogos e com o prêmio de projeto de Interoperabilidade, respectivamente.

Na finalíssima, a equipe Mother Gaia Studio superou belgas e coreanos na recém-criada categoria Desenvolvimento de Jogos com City Rain, jogo desenvolvido sobre a plataforma XNA da Microsoft. City Rain reúne elementos de clássicos do puzzle, como o Tetris, e simuladores de cidades, como SimCity, e permite aos jogadores construírem sua própria cidade respeitando a questão ambiental; ou, ainda, assumirem a administração de cidades com problemas ambientais que precisam ser sanados, em diversos níveis de dificuldade. A versão apresentada em Paris está disponível para download gratuito no site www.cityra.in.

"Estamos muito orgulhosos de poder representar o País. Este reconhecimento não é só para a equipe, é de todos os que nos ajudaram, da Unesp e do pessoal de Bauru", disse Guilherme. Além do destaque, o Mother Gaia Studio conquistou um prêmio de US$ 25.000. "Vamos investir para desenvolver nosso próximo jogo", diz Rafael.

Para o gerente de novas tecnologias e plataformas para o setor acadêmico da Microsoft Brasil, Amintas Lopes Neto, o sucesso do jogo desenvolvido pela equipe se deveu principalmente a dois fatores. "Em primeiro lugar, por combinar características de jogos clássicos de puzzle, como agilidade e rapidez de raciocínio, com simuladores de cidade, que demandam a adoção de estratégias claras e capacidade de lidar com o inesperado. Em segundo lugar, por aderir tão bem ao tema da Imagine Cup deste ano - auxiliar na educação ambiental -, tanto que já foi até mesmo adotado por uma escola de Bauru", avaliou.

Já a equipe Écologix conquistou o prêmio de projeto de Interoperabilidade, oferecido em reconhecimento à solução que melhor utiliza softwares para conectar pessoas, dados ou sistemas para atender às necessidades reais dos cidadãos. A equipe desenvolveu o projeto Ecologger, sistema de suporte à decisão que permite a interação e o compartilhamento de dados desde a detecção do problema até o histórico das soluções encontradas. O projeto possui quatro módulos: um móvel, que oferece denúncias e informações pelo celular; outro de web, com acesso completo aos recursos da Internet; um módulo multitoque, que permite a organização dos resultados pelo usuário de maneira intuitiva; e outro de TV Digital.

A Écologix concorreu na mais disputada das categorias - Projeto de Software. Depois de conquistar a etapa brasileira da competição, disputou com os campeões nacionais de 59 outros países até chegar entre os seis finalistas. Mas o título ficou com a Austrália, seguida por Eslováquia e Hungria. O grupo recebeu US$ 10.000 em premiação.

Quem também chegou às finais foi o jovem Thiago Cabral Valverde, de apenas 17 anos, na categoria desafio de Infra-Estrutura. Disputando com 16 mil inscritos de todo o mundo, Thiago foi o único estudante do Ensino Médio entre os seis finalistas.

Completou a delegação brasileira na competição a equipe Desconstruindo, formada por Rafael Gonçalves Gama (Universidade Gama Filho - RJ), Hugo da Silva Nogueira (Universidade Estácio de Sá - RJ) e Fernando Ferreira de França (Universidade Estácio de Sá - RJ), que concorreu em Sistemas Embarcados e ficou entre os 15 projetos semifinalistas.

Todos os finalistas brasileiros receberam apoio do Bradesco Conta Universitária. A instituição está oferecendo oportunidades de estágios e programas de trainees para os componentes dos grupos finalistas, além de uma série de prêmios.

Realizada anualmente, a Imagine Cup tem como objetivo estimular a criatividade e a busca pela inovação nos estudantes por meio da criação de soluções tecnológicas que possam ajudar a solucionar alguns dos mais difíceis desafios da sociedade contemporânea. Nesta sexta edição, o foco recaiu sobre soluções tecnológicas que ajudassem na construção de um meio ambiente sustentável. O Brasil já tinha sido destaque desde as inscrições por ser, pela quarta vez consecutiva, o País com maior número de estudantes inscritos - 63 mil.

Dos mais de 200 mil inscritos para a competição em todo o planeta, foram selecionados 370 estudantes de 124 equipes, que foram à Paris representar 61 países em nove categorias: Projeto de Software, Sistemas Embarcados, Desenvolvimento de Jogos, "Projeto Hoshimi", IT Challenge, Algoritmo, Fotografia, Filme de Curta-Metragem e Design de Interfaces.

"A Imagine Cup é um fórum para estudantes de todo o mundo explorarem novas formas de aplicar o poder do software para solucionar alguns dos principais desafios do planeta", disse Rogério Panigassi, executivo da Microsoft responsável pela Imagine Cup. "O alto nível dos projetos é uma evidência do alto nível de inovação de que a comunidade estudantil é capaz hoje, com claro potencial de impactar o mundo real."

Os vencedores foram anunciados numa cerimônia de gala nesta tarde. Segue a relação dos vencedores por categoria:

Projeto de Software

" 1o lugar: Austrália - Equipe: Soak

" 2o lugar: Eslováquia - Equipe: Housekeepers

" 3o lugar: Hungria - Equipe: Digitalmania

Sistemas Embarcados

" 1o lugar: Cingapura - Equipe: Trailblazer

" 2o lugar: Irlanda - Equipe: Acid Rain/ China - Equipe: Wing

" 3o lugar: Polônia - Equipe: Aero@Put

Desenvolvimento de jogos

" 1o lugar: Brasil - Equipe: Mother Gaia Studio

" 2o lugar: Bélgica - Equipe: Drunk Puppy

" 3o lugar: Coréia do Sul - Equipe: Gomz

"Projeto Hoshimi"

" 1o lugar: Rússia - Equipe: Reddevils

" 2o lugar: China - Equipe: Zephyr

" 3o lugar: Ucrânia - Equipe: Ucrânia

Desafio de Infra-estrutura

" 1o lugar: França - Jean-Benoit Paux

" 2o lugar: Romênia - Ilie Cosmin Kiorel

" 3o lugar: China - Yan Liu

Algoritmo

" 1o lugar: Ucrânia - Roman Koshlyak

" 2o lugar: Hungria - Szilveszter Szebeni

" 3o lugar: Japão - Naohiro Tahkahashi

Fotografia

" 1o lugar: EUA - Equipe: Provisio

" 2o lugar: Áustria - Equipe: Team Austria

" 3o lugar: Áustria - Equipe: Woodoo Delirium

Filme de Curta-Metragem

" 1o lugar: Coréia do Sul - Equipe: Neip

" 2o lugar: México - Equipe: Lavaland

" 3o lugar: Canadá - Equipe: Kobotree

Design de Interface

" 1o lugar: EUA - Equipe: IU Ecovis

" 2o lugar: Canadá - Equipe: Greenet

" 3o lugar: França - Equipe: Edelweiss

Além dos prêmios das categorias, quatro prêmios de reconhecimento foram oferecidos:

" Inovação Rural: Indonésia - Equipe: Antaruka

" Tecnologia Acessível: EUA - Equipe: WebAnywhere / França - Equipe: Jivad

" Interoperabilidade: 1o lugar: Índia - Equipe: Skan

2o lugar: Brasil - Equipe: Ecologger

3o lugar: Polônia - Equipe: Together

" Windows Live: Espanha - Equipe: Windows Drive

A próxima edição da Imagine Cup será realizada no Cairo, no Egito. O tema será "Imagine um mundo em que a tecnologia ajude a resolver os mais difíceis problemas que enfrentamos". Os estudantes terão de criar soluções alinhadas com uma das Metas de Desenvolvimento do Milênio, que variam de mitigar a pobreza extrema a conter a expansão do HIV ou oferecer uma educação básica universal. As inscrições para a próxima Imagine Cup abrem hoje (8). Mais informações no site http://www.imaginecup.com


Postado por: Tiago Ribeiro

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Futuro de TI no Brasil está em xeque por falta de profissionais

Por Rodrigo Caetano, do COMPUTERWORLD

Os profissionais de TI não podem reclamar de falta de emprego. O crescimento do setor, acima da média de outros países e bem acima do crescimento da economia brasileira, está gerando uma enorme quantidade de vagas.
Dados da consultoria IDC mostram que, de 2006 até 2009, serão gerados na América Latina pelo menos 630 mil empregos em tecnologia, metade delas no Brasil (47%). Apenas para desenvolvimento de software, o País tem 15 mil vagas abertas sem profissionais disponíveis.
Mesmo com a criação, desde 2000, de dezenas de cursos de tecnologia, o ritmo de crescimento não é suficiente para atender a demanda das empresas. Além disso, a qualidade da educação superior não garante que os formados estejam aptos a entrar no mercado de trabalho.Recentemente, o fechamento de uma das mais antigas faculdades de tecnologia de São Paulo, a FASP, por falta de recursos, gerou ainda mais apreensão.
Ricardo Basaglia, gerente da divisão de TI da Michael Page, empresa especializada em Recursos Humanos, chama atenção para a queda no interesse por cursos de tecnologia nas faculdades. “Nos últimos cinco anos, a procura caiu 30%”, relata.
O acesso mais fácil à tecnologia, para Basaglia, é um dos responsáveis por esse desinteresse. “O jovem hoje consegue, muito mais facilmente, avaliar se deseja ou não trabalhar com tecnologia”, afirma o gerente. Além disso, por conta da necessidade de alinhamento das áreas de TI com as de negócios, atualmente é possivel trabalhar com TI mesmo tendo cursado outros cursos, como administração.
Candidatos crescem, mas formados caemNúmeros do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), referentes a 2005 e 2006, mostram uma certa estabilidade na oferta de cursos de Ciência da Computação e na formação de profissionais. No período mencionado, as vagas oferecidas cresceram de 88,4 mil para 97,7 mil. Os candidatos inscritos nos processos de seleção foram de 149,2 mil para 154,3 mil.
Ao todo, 42,6 mil alunos ingressaram nas instituições de ensino em 2005. No ano seguinte, 44,9 mil foram aceitos. Apesar disso, apenas 15,6 mil alunos em 2005 e 16,9 mil em 2006 concluiram a faculdade.
Alexandra Reis, gerente de pesquisas da IDC, ressalta que mesmo com a queda no interesse por TI, o mercado não vai sofrer com falta de profissionais. “De uma forma ou de outra o mercado se ajusta”, aposta.
O maior problema, para Alexandra, está nos níveis hierárquicos mais altos. Como a oferta de emprego é grande, é mais interessante para um jovem apostar em um curso técnico do que investir quatro anos do seu tempo em uma formação superior.
Assim, se os cursos rápidos forem suficiente para suprir a demanda imediata, a falta de pessoas com nível superior pode gerar problemas para encontrar novos líderes. “Um gestor precisa pensar do ponto de vista de negócios, não basta conhecimento técnico. A falta de profissionais com cursos superiores pode gerar dificuldades para preencher esse tipo de vaga”, explica Alexandra.Para o coordenador da área de MBA em tecnologia da PUC de São Paulo, Alexandre Campos Silva, uma diminuição no interesse é normal após o estouro da bolha. “É natural que, após o estouro da bolha da Internet, o interesse tenha diminuído”, diz. Ou seja, defende o especialista, assim como as empresas de tecnologia sofreram para recuperar a credibilidade entre os investidores e o mercado, ainda vai demorar algum tempo para que o interesse dos jovens por faculdade em TI volte a crescer.

Silvio