sexta-feira, 11 de julho de 2008

Futuro de TI no Brasil está em xeque por falta de profissionais

Por Rodrigo Caetano, do COMPUTERWORLD

Os profissionais de TI não podem reclamar de falta de emprego. O crescimento do setor, acima da média de outros países e bem acima do crescimento da economia brasileira, está gerando uma enorme quantidade de vagas.
Dados da consultoria IDC mostram que, de 2006 até 2009, serão gerados na América Latina pelo menos 630 mil empregos em tecnologia, metade delas no Brasil (47%). Apenas para desenvolvimento de software, o País tem 15 mil vagas abertas sem profissionais disponíveis.
Mesmo com a criação, desde 2000, de dezenas de cursos de tecnologia, o ritmo de crescimento não é suficiente para atender a demanda das empresas. Além disso, a qualidade da educação superior não garante que os formados estejam aptos a entrar no mercado de trabalho.Recentemente, o fechamento de uma das mais antigas faculdades de tecnologia de São Paulo, a FASP, por falta de recursos, gerou ainda mais apreensão.
Ricardo Basaglia, gerente da divisão de TI da Michael Page, empresa especializada em Recursos Humanos, chama atenção para a queda no interesse por cursos de tecnologia nas faculdades. “Nos últimos cinco anos, a procura caiu 30%”, relata.
O acesso mais fácil à tecnologia, para Basaglia, é um dos responsáveis por esse desinteresse. “O jovem hoje consegue, muito mais facilmente, avaliar se deseja ou não trabalhar com tecnologia”, afirma o gerente. Além disso, por conta da necessidade de alinhamento das áreas de TI com as de negócios, atualmente é possivel trabalhar com TI mesmo tendo cursado outros cursos, como administração.
Candidatos crescem, mas formados caemNúmeros do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), referentes a 2005 e 2006, mostram uma certa estabilidade na oferta de cursos de Ciência da Computação e na formação de profissionais. No período mencionado, as vagas oferecidas cresceram de 88,4 mil para 97,7 mil. Os candidatos inscritos nos processos de seleção foram de 149,2 mil para 154,3 mil.
Ao todo, 42,6 mil alunos ingressaram nas instituições de ensino em 2005. No ano seguinte, 44,9 mil foram aceitos. Apesar disso, apenas 15,6 mil alunos em 2005 e 16,9 mil em 2006 concluiram a faculdade.
Alexandra Reis, gerente de pesquisas da IDC, ressalta que mesmo com a queda no interesse por TI, o mercado não vai sofrer com falta de profissionais. “De uma forma ou de outra o mercado se ajusta”, aposta.
O maior problema, para Alexandra, está nos níveis hierárquicos mais altos. Como a oferta de emprego é grande, é mais interessante para um jovem apostar em um curso técnico do que investir quatro anos do seu tempo em uma formação superior.
Assim, se os cursos rápidos forem suficiente para suprir a demanda imediata, a falta de pessoas com nível superior pode gerar problemas para encontrar novos líderes. “Um gestor precisa pensar do ponto de vista de negócios, não basta conhecimento técnico. A falta de profissionais com cursos superiores pode gerar dificuldades para preencher esse tipo de vaga”, explica Alexandra.Para o coordenador da área de MBA em tecnologia da PUC de São Paulo, Alexandre Campos Silva, uma diminuição no interesse é normal após o estouro da bolha. “É natural que, após o estouro da bolha da Internet, o interesse tenha diminuído”, diz. Ou seja, defende o especialista, assim como as empresas de tecnologia sofreram para recuperar a credibilidade entre os investidores e o mercado, ainda vai demorar algum tempo para que o interesse dos jovens por faculdade em TI volte a crescer.

Silvio

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