quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Ensino deve ser pensado de forma contextualizada

Ensino deve ser pensado de forma contextualizada
Por Karina Costa, do Aprendiz
"Mais importante do que reter informação é saber lidar com ela. Os projetos pedagógicos devem por fim ao conteúdo pelo conteúdo para que as escolas possam formar alunos independentes e críticos", defendeu a professora do Instituto de Artes, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Iveta Maria Ávila Fernandes, durante palestra no Fórum Mundial de Educação Alto Tietê, que aconteceu na cidade de Mogi das Cruzes (SP).
Para que essa mudança pedagógica aconteça, os professores devem pensar o ensino de forma contextualizada. "Isso significa trabalhar na prática e conhecer as demandas dos alunos", disse. Segundo Fernandes, isso não acontece nas escolas, pois os professores se afastam quando julgam que determinada questão não diz respeito a si.
Fernandes lembrou que, em uma de suas experiências como professora de Artes da rede municipal de ensino de São Paulo, ela resolveu trabalhar uma música do compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos, as Bachianas Brasileiras, que trata sobre o trem. Para os alunos, porém, não fez sentido algum estudar a obra. "O transporte ferroviário não fazia parte da vivência deles. Para resolver o problema, fizemos um passeio turístico no percurso Campinas - Jaguariúna (SP). Disso, surgiu um projeto pedagógico que, interdisciplinarmente, estudamos desde sons e timbres emitidos pelo trem, até o processo de industrialização das regiões e a geografia do local", explicou.
"As oportunidades de chegar ao mercado de trabalho dependem pouco do que aprendemos nos bancos acadêmicos. 85% das chances que aparecem são aproveitadas por meio do potencial criativo, da maturidade, iniciativa, comunicação, auto-estima, coisas que as escolas poderiam suprir caso trabalhassem o ensino de forma contextualizada", defendeu o consultor do projeto Aprender a Ser, Cláudio Sanches.
Completando as idéias de Fernandes sobre o ensino contextualizado, Sanches citou outras formas de aplicá-lo em sala de aula. "Pode se ter como referência inicial o vocabulário do aluno, por exemplo. Às vezes, a falta de um diálogo que cause interação entre estudantes e professores prejudica o aprendizado. As vivências cotidianas também são ferramentas de aprendizado", lembrou. "É costumeiro dizer que o aluno não quer nada com nada, mas não seria a escola uma instituição com padrões antigos? A proposta do sistema educacional tira do professor a capacidade de pensar e de criar", explicou.
Ele contou que a criança, antes de chegar à escola, aprende coisas como conversar, fazer amigos, brincar e encarar regras de jogos. Quando começam a freqüentar a escola o que recebem é mesa e cadeira, uma atrás da outra, com professores que pedem silêncio e atenção, mas não recebem suas informações. "Na escola, o que manda ainda é a cartilha. A instituição pega o livro didático, aplica por ordem de capítulo e quando chega quase no fim do ano, entra em pânico ao perceber que não chegou nem na metade", lembrou.
Tais atitudes citadas, segundo Sanches, explicam o porque de os alunos do ensino médio se sentirem tão perdidos ao serem libertos para uma escolha profissional. "Foi dito a eles o tempo todo ´faça isso, faça aquilo´, nunca lhes deram direito de escolha", lembrou. "Por conta disso, a escola deixa muitos potências passarem despercebidas". (Envolverde/Aprendiz)

Postado por Fernando - 19/09/07

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